segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Se me deixam falar


   Como diria o poeta Maiakovski: "O mar da história é agitado".



    Passei 20 anos da minha vida procurando por este livro, do qual tomei conhecimento na faculdade numa aula da disciplina de América IV, se não me falha a memória. A única vez que o encontrei, foi num encontro regional ou nacional de estudantes de História, ou num Congresso da UNE, não me lembro mais. Mas eu não tinha dinheiro para comprar. Era comprar comida ou o livro.


   Sábado último passado, o ex presidente Lula citou a obra durante o seu discurso em frente ao sindicato dos metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo.    Obviamente, toda esta história saltou à memória.

  Horas mais tarde, no mesmo dia, compareci a um Sarau promovido por pessoas ligadas à área da saúde alinhadas com a terapêutica da arte e do encontro preconizada por Nise da Silveira. Eis que encontro o livro à venda pelo valor simbólico de R$5,00. Que felicidade e que coincidência!

  Ontem, domingo, rumo a um encontro de família, viajei de trem enquanto começava a ler a obra. E pensando como a situação na Bolívia está diferente dos anos 70.

No retorno para Caieiras, sacolejando novamente no trem, tomo conhecimento do Golpe na Bolívia. Um claro e evidente ataque à democracia e ao povo boliviano.

Qualquer erro ou crítica ao governo de Evo Morales não apagará jamais o fato do Golpe e a violência institucional e militar, junto ao terrorismo de Estado.

  Senti mais do que o sacolejar do trem, senti as ondas do mar revolto da história descritas pelo poeta. Em poucas horas, a soltura de Lula, o discurso dele citando o livro, o encontro deste no sebo, o início de sua leitura, e o conhecimento do golpe na Bolívia.

  Que o povo boliviano tenha forças para resistir. Que chegue ajuda humanitária, que alguém faça algo para barrar a barbárie que se instalou no país de nuestros hermanos.


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