sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Por que defender o povo curdo?


Por que defender o povo Curdo?




Quem são os curdos?

Os curdos são um povo (e uma nação) de origem milenar, com registros escritos da sua língua e da sua existência desde a Idade Antiga na região do Oriente Médio.

Onde vivem?

Os curdos sofrem com o grave problema de serem um povo sem um país. Existem milhões de curdos espalhados pela Turquia, pelo Irã, pela Armênia, pelo Iraque e pela Síria. Nestes diferentes países, são minoria étnica e a sua vida, cultura, língua, comunicação e modo de vida sofrem diferentes restrições. Talvez o caso mais grave seja na Turquia, onde vive a maioria dos curdos que permanecem na Ásia, com população aproximada de 14 milhões, o que constituiu praticamente metade deste povo. Ao final da Primeira Guerra Mundial (e com o fim do Império Turco), um tratado de 1919 deveria garantir um Estado Curdistão, mas isso não foi cumprido em tratado posterior. Milhares de curdos foram mortos, e outros milhares são perseguidos até hoje, tendo suas vilas literalmente "varridas do mapa".

Não foi diferente no Irã, durante a Revolução Iraniana (1979), e até hoje os ativistas pelos direitos humanos são perseguidos, presos e até mortos. A vigilância do governo iraniano sobre eles é constante.

Na Síria, o caso não é muito diferente. No país em que nenhum partido político é permitido, os curdos sofrem severas restrições, como a proibição de registrarem seus filhos com nomes de sua língua pátria, proibição de publicações e livros em curdo, direito à nacionalidade síria negado e privados de qualquer direito social.

Também existem curdos vivendo na Armênia e no Azerbaijão. Em nenhum destes países vivem em paz, tendo sofrido ataques e deportações. Existe uma importante parcela do povo curdo que emigrou para a Rússia, a Europa Ocidental, os Estados Unidos e o Canadá.

Como é a cultura curda e qual a importância deste povo?

Entre os curdos, as mulheres gozam de grande liberdade. De maioria muçulmana, as curdas não são obrigadas a usar véu, cobrir o rosto ou usar roupas que escondam o corpo. Pelo contrário, usam calças, fazem parte dos corajosos exércitos que enfrentaram o famigerado ISIS (Estado Islâmico), assumem posições de comando e têm grande autonomia na sociedade deste povo. Além disso, são inegáveis os seus posicionamentos feministas, ecológicos e democráticos, principalmente em Rojava,  comunidade autônoma localizada no Norte-Nordeste da Síria.

O que acontece com os curdos neste momento?

Basicamente, no enfrentamento direto com o ISIS, contribuiu contra a barbárie deste grupo violento, misógino, homofóbico, que hoje agoniza e visava um governo teocrático radical aos moldes do pior que existiu na Idade Média, incluindo execuções ao vivo ("lives") de jornalistas e opositores.

A retirada dos EUA da Síria (que não era uma ocupação militar como a do Iraque, por exemplo) jogou os curdos à própria sorte contra o Exército Turco e contra o ISIS. Em mais uma manifestação de desprezo aos direitos humanos, o Presidente Donald Trump pronunciou um discurso carregado de ironia  sanguinária, ao declarar que "Os curdos não nos ajudaram na Normandia" (como se isso fosse possível) - referindo-se ao "Dia D" em 1944, já na fase final da Segunda Guerra Mundial, quando o exército estadunidense desembarcou na Normandia (França) e iniciou uma importante derrocada dos exércitos nazistas e fascistas. Ao se pronunciar desta forma, Trump mais uma vez brincou com a morte de milhares de seres humanos, como se fosse uma verdadeira "rifa". Muitos membros do ISIS estão presos sob o poder dos curdos, que agora correm o risco de enfrentar a "ressurreição" desta violenta organização, enquanto sofre ataques do exército turco.

Apoiar o povo curdo é apoiar um governo democrático, apoiar a emancipação feminina e a ecologia. Apoiar o povo curdo é estar do lado contrário da barbárie, da morte, da devastação, e a favor da autodeterminação de cada povo.

Viva o povo curdo e a sua luta pela democracia e por sua própria continuidade!!
Abaixo a política imperialista do governo estadunidense, que serve somente aos seus próprios interesses econômicos e trata com desprezo a vida e a democracia. 



Professora Alessandra Fahl Cordeiro Gurgel *

*Bacharel com Licenciatura Plena em História pela PUC - SP
Professora de Educação Básica II na Rede Estadual de São Paulo, na E.E. Jardim Silvia II, Francisco Morato/SP.


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